O progressivo e rápido envelhecimento da população brasileira é um fenômeno que traz preocupação à comunidade de saúde e ao sistema despreparado para atender as demandas geradas por um país envelhecido. Estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que em 2025, o Brasil será o país que ocupará o sexto lugar entre as nações com maior numero de idosos.
O envelhecimento humano geralmente vem acompanhado da fragilização da pessoa idosa, levando a uma redução na capacidade adaptativa, frente às novas vivências, às modificações sociais e familiares. Isto caracteriza transformações no estilo de vida, na maioria das vezes torna o idoso dependente de ambiente especial e de cuidadores.
O trabalho voluntário é uma forma de participação social que cresce no país ao longo do tempo, essa modalidade de trabalho aperfeiçoa a oferta de programas de apoio para acompanhamento de idosos em instituição de longa permanência.
Neste aspecto foi criado um grupo de assistência voluntaria ao idoso, onde os alunos envolvidos, juntamente com a coordenação da Faculdade Alfa, desenvolveram um projeto de extensão de saúde para os internos em instituição de longa permanência.
A promoção de saúde entre os idosos, desenvolvida pelo grupo pode ser definida como um conjunto de ações que provocam mudanças no estilo de vida, objetivando a diminuição do risco de adoecer e morrer, estabilizando ou melhorando a saúde dos residentes em instituição de longa permanência.
No período de maio a outubro de 2010, foram desenvolvidas pelos acadêmicos de enfermagem atividades de promoção de saúde, buscando a melhora do bem estar dos internos da instituição de longa permanência, do Lar Ascanio Ymbassai, no Município de Almenara, no Vale do Jequitinhonha, Nordeste de Minas Gerais.
Os acadêmicos voluntários de enfermagem como pessoas de sensibilidade buscaram aos sábados desses meses, realizar atividades de prevenção e minimização de agravos à saúde; foram feitas orientações com relação à exercícios terapêuticos, alimentação, higiene, adesão ao tratamento medicamentoso, avaliação de angústias e ansiedades através de sinais e sintomas. Para operacionalização do projeto, contou-se com a participação do professor-coordenador e de quatro docentes, um com formação médica, um com formação fisioterápica e dois com formação em enfermagem, além de outros profissionais de saúde não vinculados a faculdade.
No primeiro momento, o grupo acadêmico buscou conhecer a instituição levantando as possíveis intervenções que poderiam prestar auxílio. Desta forma iniciou-se o trabalho de assistência complementar com: orientação de saúde, aferição de pressão arterial, e auxilio nos cuidados básicos (higienização, alimentação e administração de medicação). Durante o período de extensão foi confeccionado um modelo de Sistematização de Assistência de Enfermagem, para padronização e agilidade na evolução dos cuidados prestados.
Segundo De Carlo e Bartalotti (2001), as atividades de recursos terapêuticos, proporcionam um conhecimento e uma experiência que auxiliam na transformação de rotinas e oferece aos sujeitos instrumentos que permite desenvolvimento pessoal, interação social, criando novas possibilidades e finalidades de intervenção. Neste pensamento, após a identificação das necessidades de cada paciente, foram feitas intervenções como recursos como terapia ocupacional, exercícios físicos ativos e passivos, musicoterapia, aromaterapia, massoterapia, atividade recreativa, buscando ajudar o idoso a atingir níveis ideais de saúde física, psicológica, e espiritual.
Segundo Merhy, ao assumir a perspectiva da integralidade do cuidado no ensino de acadêmico, é preciso considerar e construir alternativas que permitam o rompimento com a valorização demasiada dos procedimentos e normatizações técnicas, em detrimento da valorização do sujeito e de seus saberes na construção da integralidade do cuidado.
A oportunidade de desenvolvimento do programa de assistência voluntária junto aos idosos do Lar Ascanio Ymbassai, provocou nos acadêmicos a necessidade de atuar incentivando e despertando pensamento crítico, sobre o desenvolvimento da promoção de saúde nos níveis de atenção primária. Deste modo despertou-se nos futuros profissionais de saúde a empatia com a causa, de forma profissional e humanizada.
Foi percebido que na atual conjuntura do sistema, há diversas necessidades de ordem financeira, situação que pode ser contornada com a estimulação da prática de ações voluntárias, que dentro da possibilidade, buscou-se sanar problemas básicos como encaminhamento a referência médica especializada, contra-referência, assistência fisioterápica, levantamento de insumos para higienização corporal e oral, além de materiais específicos para a preservação da integridade cutânea.
Durante a prestação de cuidados e aplicação das atividades complementares, reconheceu-se a compreensão empírica, com a melhora dos pacientes envolvidos no programa, sendo criado um vínculo terapêutico entre acadêmicos e internos do asilo.
Acredita-se que o projeto realizou uma contribuição social, associado com a possibilidade um contato mais estreito e efetivo da faculdade com a comunidade, além de contribuir para o desenvolvimento do Lar Ascanio Ymbassai.
Sabe-se que o serviço voluntário é um desafio aos profissionais sobrecarregados, que enfrentam situações precárias do sistema de saúde, mas para o intuito de encontrar novos horizontes para as demandas futuras, deve-se estimular a prática de serviços voluntários entre os profissionais de saúde desde sua iniciação acadêmica.
É válido explicitar que várias são as necessidades dos idosos institucionalizados principalmente relacionadas às questões socioeconômicas, o que ora fora frustrante para a equipe envolvida no projeto, uma vez que são questões difíceis de serem imediatamente resolvidas.
Enquanto docentes e acadêmicos do curso de Enfermagem, fazemos uma alerta para a necessidade de serem desenvolvidos projetos de pesquisa e extensão voltados para esta temática, já que esta é uma área nova e que muito tem a contribuir com a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos institucionalizados. O ato de realizar atividades voluntárias promove mudança de atitudes, pensamentos e sentimentos, restabelece de maneira sutil, o equilíbrio emocional, promovendo trocas sociais, rompendo com o isolamento e a invalidação dos sujeitos.